Que os pais conscientes não permitam que seus filhos cheguem a uma situação-limite pela dependência da Internet.
A adição patológica a esta ferramenta já está sendo incluída como transtorno mental por alguns estudiosos. Ela sempre supõe problemas associados: depressão, ansiedade, dificuldades sociais, solidão, neurose, insônia, transtornos alimentares, etc.
Nos videojogos, o indivíduo se impõe e obtém mais êxito do que na realidade: ele compete e ganha, ele é fera, nada o ameaça e ele comanda. Para alguns, é a fuga licenciada da realidade e causa de inadaptação. Este transtorno desfavorece a comunicação e a intimidade familiar, representando também dificuldades interpessoais e sentimentos de menos-valia, funcionando ainda como compensação.
Um parâmetro razoável do tempo na Internet para adolescentes é de no máximo 14 horas semanais, distribuídas segundo a necessidade de cada dia, desde que não interfira nos estudos, esportes (ou outra atividade similar), lazer e convivência familiar.
A saída, para aqueles que não controlam a compulsão, é a psicoeducação. Caso os pais não consigam administrar o problema sozinhos, aliar-se a um psicoterapeuta de confiança ajuda muito, sendo que ambos contribuirão como alicerce orientador.
A psicoterapia pode atuar através de:
– Identificação das distorções;
– Reflexão dos benefícios e do ônus;
– Identificação de gatilhos;
– Identificação de estados emocionais subjacentes;
– Treino no controle dos impulsos;
– Treino da comunicação e habilidades sociais;
– Tentativas de enfrentamento da realidade;
– Gestão produtiva do tempo;
– Inserção em atividades alternativas.
Tende a haver muito êxito as ações combinadas entre os pais e o terapeuta, contando ainda com a adesão (convicta ou não) do adolescente. Nos casos mais graves (co-morbidades), associa-se estabilizante de humor (com orientação médica).
É relevante considerar que as pessoas não se tornam viciadas, elas escolhem ser dependentes (uso pessoal da liberdade), portanto, qualquer indivíduo pode mudar seus pensamentos, sentimentos e condutas, pois não há determinismo no gênero humano.
Lélia Cristina de Melo
Psicóloga Clínica e orientadora familiar – CRP 08/02909
Um pouco mais sobre esse assunto no texto: “Realidade familiar na era digital”.